Fundos imobiliários já têm mais de 100 mil investidores
03/04/2013 às 00h00
Por Antonio Perez | De São Paulo
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Enquanto o número de pessoas físicas que investem em ações permanece na
casa dos 580 mil há pelo menos dois anos, a quantidade de investidores
em fundos imobiliários só faz crescer. Segundo dados da BM&FBovespa
obtidos pelo Valor e que serão divulgados hoje, já há mais de 100 mil
pessoas físicas que possuem cotas de fundos imobiliários listados na
bolsa.
De janeiro de 2012 a janeiro de 2013, o número de investidores em fundos
saltou 160%, de 36.514 para 95.224. No primeiro trimestre, houve
acréscimo de mais de 7 mil. Ao todo, no fim de março havia 102.691
investidores (99% pessoas físicas) registrados na bolsa com, pelo menos,
uma cota de fundo imobiliário. "A maioria desses 100 mil já aplicava
também em ações. Mas parte relevante é de novos 'CPFs', gente que entrou
na bolsa só para investir em fundos imobiliários", disse ao Valor Fabio
Dutra, diretor de renda fixa, câmbio e derivativos da BM&FBovespa.
Segundo Dutra, a bolsa não trabalha com metas ou projeções para o número
de investidores em fundos até o fim do ano. A perspectiva, porém, é que
haja uma desaceleração do ritmo daqui para frente. "Como a base [de
pessoas físicas] era pequena, houve um avanço quase 'chinês'. É natural
que desacelere um pouco, mas o crescimento continuará num ritmo muito
forte", diz.
A bolsa já vislumbrava desde meados do ano passado, afirma Dutra, a
possibilidade de alcançar a marca de 100 mil investidores. O primeiro
sinal era o próprio crescimento do número de fundos listados, que saltou
de 66 em 2011 para 93 em 2012. Este ano, até 28 de março, estrearam
mais sete fundos. O avanço desse número veio acompanhado de um salto de
quase 300% do volume negociado, de R$ 912,46 milhões em 2011 para R$
3,599 bilhões em 2012. No primeiro trimestre deste ano, o volume
financeiro somou R$ 2,289 bilhões - mais de 80% do movimentado no ano
passado.
Grande parte do avanço tanto do número de investidores quanto no volume
negociado se deve ao lançamento do fundo imobiliário BB Progressivo II,
do Banco do Brasil. Participaram da oferta 46.373 pessoas físicas, com
investimento total de R$ 1,3 bilhão. O impacto da distribuição do BB
Progressivo sobre a evolução do número de pessoas físicas em fundos
imobiliários é visível nas estatísticas da bolsa. O número de
investidores subiu de 58.460 em outubro do ano passado para 96.231 em
novembro, mês da oferta do BB.
Ao todo, o fundo do BB captou R$ 1,592 bilhão, valor muito superior à
média do patrimônio dos fundos hoje listados em bolsa, que gira entre e
R$ 250 milhões e R$ 300 milhões, segundo Dutra. "Mais do que o tamanho
do fundo, o que importa é a distribuição. A oferta do BB, que teve uma
rede de distribuição grande mostrou que há muita gente interessada em
fundos imobiliários", afirma.
Além do interesse crescente das pessoas físicas por fundos imobiliários,
Dutra aposta na vinda dos estrangeiros, hoje ausentes das ofertas
primárias e das negociações na bolsa. No fim de janeiro, o governo
federal zerou a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF)
para estrangeiros na aquisição de cotas de fundos imobiliários.
A participação de estrangeiros em ofertas primárias de cotas de fundos
pode variar entre 20% e 25%, estima Dutra. A vinda do capital externo
tende a tornar os fundos cada vez maiores, o que estimula a liquidez.
Afinal, o estrangeiro que comprar na oferta vai negociar também na
bolsa. "Não temos previsão de volume, mas estamos otimistas com a vinda
do estrangeiro."
Na onda do avanço dos fundos, a BM&FBovespa estuda o lançamento de
um ETF (fundos com cotas negociadas em bolsa) que siga o comportamento
do Índice de Fundos de Investimento Imobiliários (IFIX). Também estão na
pauta a criação de contratos derivativos do IFIX (como futuros e
opções) e a possibilidade de aluguel das cotas dos fundos, como acontece
hoje com ações. "Estamos trabalhando nisso. O lançamento vai depender
da demanda dos investidores. Mas acredito que não lançaremos esses
produtos ainda neste ano", diz Dutra.
ESTATUTO DA CONFRARIA DE NEGÓCIOS: Sob a denominação de CONFRARIA DE NEGÓCIOS, fica constituída informalmente uma Confraria que terá como finalidade cultivar as relações entre pessoas interessadas em negócios, desenvolvendo em especial o espírito de amizade, confraternização e solidariedade! Teresópolis, RJ, 10 de Julho de 2010.
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quarta-feira, 3 de abril de 2013
quinta-feira, 14 de março de 2013
Com meta de 5 milhões de pessoas físicas na bolsa de valores em 2018, BM&FBovespa tenta reformar o sistema de distribuição de ações para angariar mais investidores
Projeto prevê que gestoras e 'family offices' possam negociar ações
Autor(es): Por Karin Sato | De São Paulo |
Fonte: Valor Econômico - 14/03/2013 |
Depois de prorrogar de 2014 para 2018 a meta de atingir 5 milhões de pessoas físicas na bolsa de valores, que hoje são cerca de 580 mil, a BM&FBovespa tenta ajudar as corretoras que passam por dificuldade financeira e, ao mesmo tempo, reformar o sistema de distribuição de ações para angariar mais investidores. A BM&FBovespa espera a aprovação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e do Banco Central no segundo semestre de um projeto que ampliará a rede de distribuição dos seus produtos no país, por meio de alterações no modelo de acesso à bolsa. O plano é estimular o surgimento de uma figura que será chamada de agente distribuidor, que funcionará como uma pequena corretora. Os candidatos a agentes distribuidores são butiques e bancos de investimentos, gestoras de fundos, "family offices" [que fazem a gestão de fortuna de famílias ricas] e escritórios de agentes autônomos. E também corretoras antigas ou novatas com pouco capital para investir em tecnologia ou para depositar os R$ 25 milhões de garantias que em média são necessários para ser um participante da bolsa. O agente distribuidor usará toda a infraestrutura de uma corretora que será denominada "plena". Não apenas a tecnologia, como também a estrutura de retaguarda administrativa das empresas. Outra vantagem é que a corretora plena depositará os R$ 25 milhões de garantias iniciais. Para ser um agente, porém, será necessário ter a autorização da CVM ou do BC para distribuir valores. O modelo tende a conferir mais escala às corretoras plenas. O diretor executivo de operações, clearing e depositária da BM&FBovespa, Cícero Vieira Neto, afirma que a esperada expansão geográfica do mercado de corretoras ajudará a atrair mais investidores para a bolsa. A percepção da BM&FBovespa é que o modelo de acesso atual é "rígido, relativamente caro, praticamente não diferencia o perfil das corretoras e, consequentemente, não favorece a capilaridade e a expansão da rede de distribuição". Ele comparou a futura rede de distribuição da bolsa a uma árvore. "Imagine o tronco de uma árvore e suas ramificações. O tronco é a corretora plena. O que queremos agora é um número maior de ramificações, para atrair pessoas físicas, bem como empresas que desejam investir", diz. Em sua avaliação, um dos principais ganhos para a bolsa será a expansão geográfica. "No modelo atual, há uma forte concentração no eixo Rio-São Paulo." Vale lembrar que há alguns anos já existem as corretoras por conta e ordem, que utilizam partes da estrutura tecnológica de uma intermediária maior para executar ordens de clientes. A cearense Pax Corretora, por exemplo, usa desde janeiro de 2011 a infraestrutura da Futura Corretora. Outro exemplo é a Máxima, que no ano passado fechou parceria com a CGD Securities. A diferença desse modelo já existente com o que pode ser aprovado, segundo Vieira, é que o agente distribuidor usará toda a estrutura da corretora plena, inclusive seu "home broker", e não apenas a tecnologia. Além disso, ele fará o cadastro do cliente e não precisará dividi-lo com a com a corretora plena. Esta, por sua vez, assumirá algumas responsabilidades, como o depósito das garantias iniciais e o controle sobre as atividades do agente distribuidor. O mais provável, diz o executivo, é que em caso de problemas, por exemplo, com um cliente, a corretora plena divida a responsabilidade com o agente distribuidor, mas o tema ainda está sob discussão. Vieira cita o exemplo de um escritório de agentes autônomos, que hoje só faz a prospecção de clientes e o repasse de ordens à corretora parceira, recebendo desta um rebate. Supondo que a empresa passe a ser uma participante da BM&FBovespa, poderá executar e liquidar as ordens dos seus clientes, além de receber o pagamento da corretagem. Outra mudança diz respeito à supervisão. Atualmente, distribuidoras de valores mobiliários não participantes da bolsa não são auditadas pela BM&FBovespa Supervisão de Mercados (BSM), o braço de autorregulação da bolsa. Isso mudará, caso se tornem agentes. A vantagem para uma gestora de fundos será a chance de distribuir produtos como ações, contratos de derivativos e fundos de índices diretamente aos seus clientes, opina o diretor da bolsa. "Por ser uma estrutura mais barata e flexível, a cadeia de oportunidades serão ampliadas", diz. Já para as corretoras plenas, será um meio de intensificar a rentabilização dos investimentos em estrutura feitos no passado. "A bolsa vai se dedicar para facilitar ao máximo o ingresso dos agentes de distribuição." O desempenho das ações neste ano não favorece a bolsa. O Índice Bovespa acumula queda de 5,85% em 2013 e de 16,10% em 12 meses. Além disso, as pessoas físicas têm reduzido a participação no pregão. Em fevereiro, o varejo representou 15,86% do volume do segmento Bovespa, ante 16,86% no mês anterior. Em 2012, a fatia era de 17,9% e em 2011, de 21,4%. |
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013
A maioria dos brasileiros não entende nem o básico sobre investimentos e desconhece as mudanças econômicas que estão ocorrendo, como a queda dos juros reais!
Uma pesquisa exclusiva, encomendada pela BM&F Bovespa, mostra que a maioria dos brasileiros não entende nem o básico sobre investimentos e desconhece as mudanças econômicas que estão ocorrendo, como a queda dos juros.
É má notícia para o país !
Fonte
Maria Luiza Filgueiras, 27/02/2013 05:55 de
A crise de 2008 provocou uma reviravolta no mercado financeiro mundial, mas alguns conceitos sobre como investir permanecem universalmente aceitos.
São coisas básicas. Por exemplo:
- Quem diversifica corre menos risco de perder dinheiro se algo dá errado.
- Aplicações de renda fixa oscilam menos do que as ações.
- Para conseguir retornos maiores, é preciso arriscar mais.
E assim por diante.
E aí começam os problemas.
Os brasileiros não conhecem os princípios básicos do investimento.
Uma pesquisa encomendada pela BM&F Bovespa — a primeira do gênero já feita no país — mostra um quadro desolador.
Feita pelo Instituto de Pesquisas Rosenfield, a pesquisa traz as respostas de 2 000 pessoas ouvidas em 100 cidades no fim do ano passado.
Resultados da Pesquisa
Sobre a Caderneta de Poupança
Os resultados mostram um universo de gente que ignora mesmo os princípios financeiros mais elementares.
Eis um exemplo gritante:
- para 27% dos entrevistados, a caderneta de poupança, cujo retorno é praticamente o mesmo mês após mês, é o investimento mais arriscado do mercado. Mais até do que a bolsa! Ao mesmo tempo, e paradoxalmente, é também a aplicação preferida: 44% disseram ter dinheiro na caderneta — enquanto apenas 4% afirmaram ter recursos na renda fixa e 1% na bolsa.
Mas o quadro ganha, ainda, traços surrealistas. Segundo a pesquisa, pode-se dizer que o brasileiro não gosta de arriscar. Mas por que, então, gostam tanto da poupança (tida, erroneamente, como arriscada)?
Provavelmente, porque é a aplicação mais conhecida: 97% declararam conhecer a caderneta, mas menos de 10% sabem o que é um fundo DI. “Muitas pessoas querem simplificar algo que é complexo, que é escolher aplicações adequadas a seu perfil. Acabam indo nas mais populares, simplesmente porque já ouviram falar”, diz a psicóloga Vera Rita de Mello Ferreira, uma das principais estudiosas brasileiras do comportamento dos investidores.
Tamanha ignorância custa muito caro aos brasileiros. É a explicação mais provável para o fato de a poupança ter batido seu recorde de captação em 2012 — apesar de seu rendimento ter sido o menor em 46 anos. A rentabilidade da “nova” poupança (que tem seu desempenho atrelado ao da taxa básica de juro, a Selic) tem sido inferior à taxa de inflação. Num ambiente de queda dos juros, em vez de reavaliar suas aplicações e direcionar uma parcela de seus recursos para alternativas mais rentáveis do que a renda fixa, para não correr o risco de ver seu patrimônio diminuir em termos reais, a maioria dos investidores está fazendo o exato oposto. É de assustar.
Sobre Fundo de Investimento
Outros dados inéditos da pesquisa a que EXAME teve acesso mostram que só 17% dos entrevistados entendem o básico sobre o funcionamento de um fundo de investimento — ou seja, sabem que podem aplicar em diferentes ativos, como ações e títulos públicos.
Sobre Diversificação
As vantagens da diversificação também são desconhecidas da maioria: apenas 24% disseram que aplicar num fundo de ações, que investe em várias empresas, é menos arriscado do que comprar os papéis de uma única companhia.
Pouca experiência
Para alguns especialistas, o confisco da poupança, no início do governo Collor, em 1990, pode explicar o fato de a caderneta ser considerada arriscada por muitos brasileiros. Depois do Plano Real, os juros altíssimos permitiram que se ganhasse bem mais do que a inflação investindo apenas em fundos conservadores de renda fixa. Ou seja, mesmo com toda ignorância do mundo, era possível ganhar um bom dinheiro.
Mas hoje o cenário é outro — e boa parte da população ainda não se deu conta disso. Os juros caíram quase pela metade em um ano, mas um quarto dos entrevistados pelo Instituto Rosenfield disse que as taxas estão iguais ou maiores hoje do que no passado; 56% não têm a mais vaga ideia do que está acontecendo.
Fácil de enganar
Nos últimos 12 meses, a autarquia suspendeu as atividades de 14 empresas com atuação irregular — elas não eram autorizadas a intermediar ou oferecer produtos financeiros. Eram instituições pequenas, mas atendiam centenas de pessoas. Em janeiro, a CVM multou o banco Santander em 500 000 reais por manter um fundo DI com taxa de administração considerada lesiva, de 6,5% ao ano. “Em geral, o investidor aprende com quem está vendendo, e isso é um perigo”, diz Robert Stammers, diretor do CFA Institute, órgão que certifica profissionais de investimento no mundo.
Caso célebre no Brasil foi a “bolha do boi gordo” nos anos 90. Milhares de investidores foram vítimas de um golpe ao aplicar nas Fazendas Reunidas Boi Gordo, uma espécie de cooperativa financeira que prometia aos investidores retorno de 42% em 18 meses comprando e vendendo bois. No papel, estava tudo certo: havia títulos que representavam os bois e a empresa estava registrada na CVM. Fazendo propaganda no intervalo da novela O Rei do Gado, da Rede Globo, a Boi Gordo conseguiu reunir 32 000 investidores. Mas, em 2001, a empresa quebrou.
A CVM descobriu, então, que o investimento era uma pirâmide financeira que só se sustentava enquanto mais gente estivesse disposta a colocar dinheiro ali. Nas fazendas, não havia nem metade dos bois prometidos. A falência ainda corre na Justiça e, até agora, os investidores não receberam nada de volta — a expectativa da autointitulada Associação dos Lesados pela Fazendas Reunidas Boi Gordo é que haja algum pagamento neste ano.
Educação Financeira - primeiros passos
Timidamente, o governo começa a se preocupar com esse cenário. Lançou em 2010 um programa piloto de educação financeira em escolas públicas que, por enquanto, atende apenas 26 000 crianças e adolescentes, mas já foi elogiado pelo Banco Mundial. Segundo o órgão, trata-se do “maior e mais bem-sucedido programa de educação financeira do mundo”.
Os resultados foram avaliados pela instituição no fim do ano passado, e o grupo de alunos que teve aulas com conteúdo de educação financeira por um ano e meio aumentou a intenção de poupar e passou a participar do orçamento familiar em maior grau. “Quando é uma iniciativa localizada, a educação financeira muda o rumo dos alunos. Mas, em escala, muda o rumo de um país”, diz Arianna Legovini, chefe da área de avaliações de iniciativas de desenvolvimento do Banco Mundial.
O Brasil ainda está na primeira fase. Em média, poupamos bem menos do que os moradores de outros países da América Latina. De acordo com um estudo feito pela empresa de pesquisa Nielsen na América Latina, o que mais consome a renda dos brasileiros são despesas com “entretenimento” (cinema, restaurantes, shows etc.): representam 41% do total. Nossos vizinhos gastam 29% da renda com isso e destinam 38% para investimentos. Aqui, o percentual dos investimentos é de 27%.
Ignorância Financeira - consequências
As consequências de ter uma população que não sabe aplicar são variadas. Nenhuma delas é boa. Para a economia de um país, significa ter menos recursos disponíveis para investimentos. Para as famílias, o problema é que elas ficam mais vulneráveis. É esse o drama de milhões de famílias nos Estados Unidos hoje. Com crédito farto, os americanos, de forma geral, passaram as últimas décadas gastando bem mais do que economizando e investindo.
A taxa de poupança interna é uma das menores do mundo: responde por 11% do produto interno bruto (aqui, o percentual é de 19% do PIB e, na China, de 53%). Quando a crise de 2008 levou os bancos a endurecer as condições dos financiamentos, milhões de famílias pararam de pagar seus empréstimos — o governo liberou quase 300 bilhões de reais para ajudar na renegociação dessas dívidas.
Planejar mal o futuro — por exemplo, escolhendo investimentos que perdem da inflação — pode ter um efeito parecido. Investir direito já é difícil para quem entende das coisas. Por anos, o brasileiro se acostumou a ter bons retornos sem arriscar. A situação, hoje, é totalmente diferente. Ignorância, nesse caso, é prejuízo certo.
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