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sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Home Broker x Agentes Autônomos x Corretores o que é melhor para as Corretoras ?

Crise leva corretoras a repensar estratégia com 'home broker'


 
18/10/2012 às 00h00
 
Para Raymundo Magliano Neto, da Magliano Corretora, pessoa física ainda não sabe investir na bolsa por conta própria

O lançamento do home broker pela Bovespa em 1999 foi comemorado como uma inovação que prometia resolver o problema da distância entre as pessoas físicas e o mercado acionário. A ferramenta, que permite a compra e a venda de ações pela internet, com o tempo ganhou a adesão de praticamente todas as corretoras com foco no investidor individual, apesar dos custos envolvidos. Mais de dez anos depois, porém, algumas delas já começam a questionar o quanto o sistema de fato pode ser benéfico a seus resultados financeiros e até mesmo às próprias pessoas físicas.

A Magliano Corretora revelou ao Valor que não venderá mais o serviço de home broker. A decisão foi tomada após a constatação de que as pessoas físicas não sabem investir na bolsa por conta própria, explicou Raymundo Magliano Neto, que sucedeu o pai Raymundo Magliano Filho, ex-presidente da bolsa, no comando da corretora. "Infelizmente, não tem como deixar as decisões nas mãos delas [as pessoas físicas]", afirma. "Este ainda não é momento para vender home broker no Brasil."

Apesar disso, os atuais clientes da corretora que já tiverem a plataforma poderão continuar com o sistema, esclarece Magliano Neto. O plano agora é intensificar os esforços na comercialização de produtos como fundos de investimento e carteiras administradas.

Fontes ouvidas pelo Valor estimam que o "tempo de vida" médio das pessoas físicas no mercado acionário não passa de um ano. É comum o investidor de varejo fugir da bolsa de valores assim que perde dinheiro e, muitas vezes, ele nunca mais retorna. O problema é que, desde a crise financeira de 2008, perder dinheiro com ações tornou-se mais comum, devido às turbulências na Europa e no cenário macroeconômico global.

O número de pessoas físicas na bolsa de valores cai continuamente. No ano passado, passou de 610.915 para 583.202. Já em setembro, esse número era de 568.900. Além disso, a quantidade de investidores ativos, isto é, que movimentam suas aplicações ao menos uma vez por mês, já estaria em menos de 100 mil, de acordo com estimativa de Amerson Magalhães, diretor do Easynvest, plataforma de negociações da Título Corretora.

Em 2010, quando os executivos das corretoras citavam o investimento em home broker, falavam de um mercado potencial de R$ 1 trilhão. A estimativa tinha por base a movimentação das plataformas no ano anterior, de R$ 378,5 bilhões, e a projeção da BM&FBovespa na época de 5 milhões de pessoas físicas na bolsa em 2014. Procurada, a BM&FBovespa explicou que não tem dados mais atuais específicos sobre o segmento de home broker.

A Magliano foi uma das primeiras corretoras a vender home broker, que, no início, tinha o nome de 'multi broker', explica Julio Cesar de Oliveira, diretor do segmento de fundos de investimentos. "Não tivemos de investir muito, porque, na época, a então Bovespa ofereceu um patrocínio a dez corretoras", relata. "Aqueles que tiveram de investir no serviço direcionaram no mínimo R$ 3 milhões, mas há quem tenha investido R$ 10 milhões."

Eduardo Jurcevic, diretor da Santander Corretora, diz que o home broker é um canal importante para o investidor, mas que só deve deslanchar a médio ou longo prazo. "No momento atual, o investidor valoriza mais a conversa com especialistas", diz, ao explicar por que a corretora optou por direcionar esforços ao atendimento personalizado. Atualmente, a instituição conta com 103 salas de ações, com dois especialistas em aplicações em cada uma delas.

Na Um Investimentos, entre 1.480 e 1.800 pessoas acessam o home broker por dia. O gerente comercial Thiago Audi explica que o serviço "gera receita e se paga", entretanto não é o que mais dá lucro para a corretora hoje, perdendo para as ordens realizadas via agentes autônomos (680 profissionais). Porém, apesar de ter um custo operacional alto, a corretora não poderia deixar de oferecer home broker, porque há clientes que preferem operar sozinhos, afirma Audi.

Magalhães, do Easynvest, diz não se surpreender com a saída de participantes do segmento de home broker, uma vez que, antes da crise de 2008, o mercado tinha expectativas nada factíveis. "Quem acreditou que a bolsa hoje teria 5 milhões de pessoas físicas certamente está revendo suas estratégias", afirma.

O executivo ressalta que, a despeito do momento difícil enfrentado pelo mercado acionário, a Título sempre foi uma corretora focada em bolsa e em pessoas físicas - e que isso não mudará. A expectativa é que, com o movimento de redução da Selic, o retorno dos fundos de renda fixa se distancie da inflação. "Isso fará com que o investidor procure alternativas e, para quem quer investir na bolsa, o home broker é a melhor ferramenta", diz. "O home broker veio para democratizar o mercado de capitais. É um caminho sem volta."

Roberto Lee, diretor da Clear Corretora, avalia que o problema principal é que há no mercado cerca de 60 corretoras que atendem pessoas físicas, mas o volume movimentado na bolsa está concentrado em apenas 15 delas. "No setor, sempre há participantes entrando e saindo", afirma. O custo fixo de manutenção, para quem oferece o serviço de home broker, é elevado, explica Lee. "Esse custo varia muito, mas estimo algo entre R$ 500 mil e R$ 800 mil. Depende do tamanho da corretora, se trabalha com agentes autônomos, da folha de pagamentos", diz. Ele avalia que apenas com telefonia esse gasto deve ficar entre R$ 50 mil a R$ 80 mil.

Enquanto algumas corretoras deixam o segmento de home broker em segundo plano, novatas aparecem, mas com estratégias inusitadas. Esse é o caso da Clear, cujas operações começaram em junho. Por entender que o investidor iniciante já está "bem servido", com o trabalho educacional feito pelas corretoras independentes e a capilaridade dos bancos, os sócios da corretora decidiram focar nos investidores individuais com conhecimentos avançados de instrumentos financeiros, ofertando ferramentas de negociação eletrônica que viabilizam operações mais sofisticadas.

Há ainda participantes que, em busca de melhores resultados financeiros, decidiram fazer altas apostas na plataforma, como a Walpires Corretora. A empresa reestruturou a área de varejo no fim de 2011. A meta atual é dobrar o número de clientes dentro de aproximadamente um ano. "Quero ficar entre as dez primeiras em volume movimentado no ranking", diz o gerente de home broker, Rafael Moreira.

Apesar de as antigas metas que o mercado tinha para a plataforma eletrônica terem ficado distantes, hoje há corretoras 100% eletrônicas, como a Octo Investimentos, que vive apenas do home broker, batizado de "rico.com.vc". Quando a Link foi comprada pelo banco suíço UBS, este não teve interesse na área de varejo da empresa, que acabou constituindo a Octo.

A diretora Mônica Saccarelli relata que quando a corretora nasceu, em meados de 2011, tinha uma fatia de participação no mercado de 1,8%. Hoje esse percentual já chega a cerca de 5%. "Cada corretora está buscando seu nicho e focando no que é boa", opina a executiva, que aposta fortemente no crescimento futuro do home broker. "Basta olhar o número de horas que o brasileiro fica na internet. Os mais jovens estão mais familiarizados com a web. Eles nem conhecem o gerente do seu banco."

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Aplicações em ações no exterior através de Fundos e ETFs

MERCADO EXTERNO DE AÇÕES ATRAI GESTORES BRASILEIROS
 

GESTOR BRASILEIRO APOSTA EM AÇÕES DOS EUA
Autor(es): Silvia Rosa
Valor Econômico - 01/10/2012

Fonte

Com os preços ainda atrativos das ações nos Estados Unidos e na Europa e a desaceleração do crescimento de alguns países emergentes como o Brasil e China, os investidores aumentaram as alocações nas bolsas de mercados desenvolvidos, que têm superado a performance dos mercados emergentes. Nesse cenário, gestores brasileiros que investem em ativos no exterior como CSHG, Itaú Unibanco, Investidor Profissional e Teorema têm conseguido se beneficiar da valorização das ações lá fora.

O índice MSCI que acompanha o desempenho das ações dos mercados desenvolvidos acumula alta de 10,90% no ano (até o dia 28), superando o ganho de 9,41% do índice dos mercados emergentes pela primeira vez desde 2009. Boa parte da queda dos mercados emergentes foi influenciada pela China, após a revisão da projeção de crescimento do PIB para 7,5% em 2012, em março deste ano.

Desde a crise de 2008, os mercados de ações emergentes eram vistos como o lugar das grandes oportunidades de investimento, com as economias desses países apresentando um crescimento superior ao dos países desenvolvidos. Neste ano, no entanto, o cenário se inverteu.

O crescimento de 2% esperado pelo Fundo Monetário Internacional para os Estados Unidos neste ano deve ser maior que o do Brasil, cuja projeção para o PIB do Banco Central brasileiro é agora de 1,6%. Não à toa, o índice S&P 500 acumula neste ano alta de 14,56% e
o Nasdaq, ganho de 22,89%, enquanto o Ibovespa sobe 4,27% em reais.

A perspectiva de recuperação da economia americana e o anúncio neste mês da terceira rodada de afrouxamento monetário pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) para estimular a economia têm impulsionado a valorização das ações americanas.
 

A compra de ações dos Estados Unidos está cada vez mais acessível a investidores brasileiros. A BM&FBovespa inicia hoje a negociação do contrato futuro do índice S&P 500.

A listagem do índice permitirá o lançamento de fundos negociados em bolsa, conhecidos como ETFs (Exchange-Traded Fund).

Alguns gestores brasileiros já investem em ativos no exterior e têm se beneficiado da valorização das ações no mercado externo.

A Credit Suisse Hedging-Griffo tem dois fundos que podem alocar até 100% do patrimônio em ativos lá fora, o Prisma e o Global Equities (lançado em julho deste ano) que acumulavam alta de 19% e 3,45% respectivamente até 26 de setembro. Entre os papéis em carteira que apresentam boa performance neste ano estão Walmart, Walt Disney e Microsoft. "A Disney, por exemplo, é a maior empresas de entretenimento do mundo e acumula ganho de 39,4% no ano", diz Artur Wichmann, gestor dos fundos internacionais da CSHG.

Segundo Wichmann, o lucro das empresas americanas tem ficado acima do esperado. "Ao contrário dos mercados emergentes, como Brasil e China, onde está havendo uma pressão de aumento dos salários, nos Estados Unidos as empresas têm apresentado uma redução de custos."

Apesar da valorização neste ano, o preço das ações das empresas americanas e europeias continua atrativo comparado com o das empresas brasileiras. As ações da rede varejista Walmart, por exemplo, estão sendo negociadas a uma relação preço/lucro para 2013 [indicador utilizado para medir o tempo de retorno de um investimento] de 14 vezes, enquanto o múltiplo do Pão de Açúcar gira ao redor de 19 vezes, destaca Wichmann. "Se você olhar o Ibovespa, o que mais caiu foram Vale e Petrobras, mas as ações do setor de consumo continuam caras."

O family office Teorema Gestão de Ativos também tem apostado na valorização das ações de empresas americanas. "Hoje os múltiplos das duas bolsas estão muito parecidos, mas apostamos mais em uma recuperação da economia americana do que em um crescimento acelerado do Brasil ", afirma Guilherme Affonso Ferreira, presidente da Bahema Participações e gestor da Teorema.

O fundo da Teorema que investe em ações no exterior acumulava ganho de 13,44% até 26 de setembro. Entre as ações que contribuíram para a boa performance do portfólio estão os papéis do Citibank, com alta de 24,5% no ano. "O banco sofreu com a crise financeira de 2008, mas conseguiu recuperar parte das perdas e tem apresentado bons resultados", diz Ferreira.

O gestor da Teorema tem buscado investir em companhias com atuação global. "É o caso da fabricante de máquinas industriais Caterpillar, que deve se beneficiar dos investimentos em infraestrutura na China e no Brasil." No setor de tecnologia, o gestor vê oportunidade de valorização nos papéis da Intel, que acumula queda de 4,3% no ano. "A empresa tem 95% do mercado de chips para computadores e acreditamos no aumento da aplicação deles na indústria."

A Investidor Profissional, que investe no mercado externo desde 2001, também tem buscado empresas do setor de tecnologia nos Estados Unidos, com destaque para Microsoft, Google e Amazon, segundo dados do relatório de gestão da IP do segundo trimestre. Só a Amazon acumula ganho de 46,9% no ano.

A crise da dívida soberana na Europa também trouxe oportunidades de compra nas bolsas europeias. A CSHG tem olhado alguns ativos, tendo investido em papéis da operadora do aeroporto de Zurique, Flughafen Zurich, e nas ações da montadora Volkswagen.

Não só as grandes empresas americanas, de maior liquidez e capitalização de mercado, têm oferecido boas oportunidades. O Itaú Unibanco lançou em 2010 um multimercado, o Brasil EUA, que investe até 20% do portfólio em "small caps" americanas, e acumulava ganho de 27,88% no ano até 26 de setembro. "O fundo procura investir no exterior em setores que não têm participação na bolsa brasileira como saúde e tecnologia", diz Paulo Corchaki, diretor de gestão da Itaú Asset Management.

Uma das ações americanas com melhor desempenho no portfólio é a Amphenol, que fornece conectores de alta performance para os setores de consumo, industrial e de produtos aeroespaciais, que subiu 30,5% neste ano.

Mesmo com a forte valorização da bolsa americana neste ano, o gestor da CSHG acredita que o mercado de ações lá fora ainda deve continuar atrativo. "Com o juro real negativo nos EUA, os investidores devem procurar ativos de maior risco que oferecem retornos mais altos", diz Wichmann.

Para Corchaki, do Itáu, o movimento forte de valorização das bolsas americanas já passou. "Os Estados Unidos devem continuar entregando resultado, mas a bolsa brasileira tem um potencial interessante de alta para o que vem."

Investimentos que não pagam IR : LCIs - LCAs - FIIs - Debêntures - Poupança

Aumenta interesse por investimentos que não pagam IR

Com queda dos juros, aplicações com lastro em operações imobiliárias ou rurais ganham apelo por causa da isenção

30 de setembro de 2012 | 20h 43
SÃO PAULO - A queda na rentabilidade dos investimentos de renda fixa fez crescer o apelo de produtos nos quais não há cobrança de Imposto de Renda. O benefício tributário, mesmo que mínimo, faz diferença na rentabilidade da carteira de renda fixa no longo prazo e o investidor já percebeu isso.

Para se ter uma ideia do aumento da demanda dos investidores e também da oferta no varejo por parte dos bancos, o número de clientes que têm até R$ 5 mil em Letras de Crédito Imobiliário (LCI), por exemplo, passou de 62 em 2011 para 863 neste ano.

"Sem dúvida, com a queda da Selic, as pessoas que estavam acostumadas a rendimentos altos na renda fixa ficaram mais preocupadas. Aumentou a procura pelo serviço de consultoria, na busca por melhor rendimento e até para entender como o lado fiscal pode ajudar nisso", disse o estrategista de gestão patrimonial da Rio Bravo Investimentos, Beto Domenici.

As LCIs e as Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) são títulos que representam a dívida do banco com o investidor. São produtos muito parecidos com os Certificados de Depósitos Bancários (CDBs), o que também tem contribuído para o interesse maior dos investidores, já que são aplicações mais conhecidas. A diferença é que, nas LCIs e LCAs, o banco utiliza o dinheiro captado para créditos direcionados, no setor imobiliário e rural, respectivamente.

"Até para proteger o poder de compra, os investidores terão de incluir na cesta de renda fixa essas produtos com isenção", afirmou Domenici.

Mas a principal vantagem das LCIs e LCAs sobre os CDBs é a isenção de impostos. O diretor de negócios imobiliários do Santander, José Roberto Machado, disse que o banco paga entre 85% e 92% do CDI nesse tipo de aplicação. "Para uma taxa de 90% do CDI, seria preciso conseguir mais que 100% no CDB para os investimentos serem equivalentes, considerando um IR de 20%", calcula.

O diretor de private bank do Banco do Brasil, Rogério Lot, faz um cálculo cuja diferença é ainda maior. Para o IR de 22,5% no CDB, seria preciso conseguir uma taxa de 104% do CDI para ser equivalente ao rendimento de 80% do CDI em uma LCA. "A isenção constitui um grande atrativo. Felizmente para a movimentação do mercado financeiro e de crédito do País, as pessoas vão ter de diversificar a carteira e incluir produtos alternativos", comentou Lot.

Oferta maior

A movimentação do mercado de títulos de renda fixa se explica não somente pela demanda maior do investidor, mas também pela maior oferta por parte dos bancos. O Santander oferecia LCIs somente no private bank até o ano passado. O BB, que há tempos atua com LCAs, recentemente ampliou a carteira de crédito imobiliário e começará a oferecer LCIs até o fim do ano. A Caixa Econômica Federal, que atua em LCIs, em outubro lançará LCAs.

"Apesar de o juro estar caindo, a rentabilidade vai continuar interessante comparativamente a outros produtos de renda fixa. Acreditamos que o crédito imobiliário vai continuar crescendo e os dois produtos têm capacidade de expansão muito grande", afirma o vice-presidente de finanças da Caixa, Márcio Percival.

Risco

Especialistas dizem que o risco de ambos os títulos de renda fixa recai sobre a instituição financeira que está emitindo as letras. Ou seja, no vencimento, o investidor precisa confiar que o banco terá caixa para devolver o dinheiro que havia captado.

A liquidez também interfere no risco e no retorno. Algumas instituições oferecem LCIs com liquidez diária, mas pagam um porcentual menor do CDI. Em geral, as instituições trabalham com faixas de resgate de 60 dias a dois anos.

Apesar de não serem investimentos em renda fixa, os fundos imobiliários também têm atraído investidores que buscam aplicações com isenção fiscal. Foram lançados 20 fundos em 12 meses e o volume, que era de R$ 89,28 milhões em agosto de 2011, passou para R$ 193,65 milhões em agosto desse ano.
O Índice de Fundos Imobiliários, lançado em setembro, hoje conta com 44 fundos. Entre 30 de dezembro de 2010 e 31 de agosto, acumulava alta de 50,6%. As cotas podem ser compradas por meio de uma corretora.

"O fundo imobiliário clássico compra imóveis para alugar, mas há diversos tipos. A partir de agora, virão para o mercado coisas boas, médias e ruins. O produto é interessante. O importante será fazer a seleção de tudo isso", disse Domenici.

Veja poster relacionado a Fundos Imobilários

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Debênture com isenção de IR chega ao pequeno investidor

Autor(es): Fernando Torres
Valor Econômico - 01/10/2012
Fonte
 

A maioria dos brasileiros nunca foi além da caderneta de poupança em seu portfólio de investimentos. Analisar uma aplicação em crédito privado empresarial, portanto, certamente será uma novidade para grande parte dos investidores de varejo.

Diante da queda da taxa Selic e do incentivo dado pelo governo federal - que estabeleceu isenção de Imposto de Renda (IR) para debêntures cujos recursos sejam aplicados em projetos de infraestrutura -, é provável, contudo, que esse tipo de investimento se torne popular num curto espaço de tempo. Pelo menos, é o que o governo aparenta desejar.

A concessionária de rodovias Autoban, subsidiária da CCR que opera as rodovias paulistas Anhanguera e Bandeirantes, vai estrear neste mês o mercado de "debêntures incentivadas" para pequenos investidores. A Autoban fará uma emissão para captar o total de R$ 950 milhões, sendo que apenas a segunda série, que soma R$ 100 milhões, se enquadra no perfil que garante o benefício fiscal para investidores estrangeiros e brasileiros pessoa física. E do total de R$ 100 milhões da segunda série, R$ 60 milhões serão destinados para investidores de varejo, com o prazo para reserva terminando no dia 9.

Cada debênture terá valor unitário de R$ 1 mil, mas o investimento mínimo para as pessoas físicas será de R$ 3 mil. O pedido máximo de reserva na oferta de varejo será de R$ 300 mil.

Para quem está acostumado com o Tesouro Direto, sistema de compra de títulos públicos pela internet, as debêntures vão se parecer bastante com as NTN-Bs, que são corrigidas pelo IPCA e pagam uma taxa de juros prefixada, em parcelas semestrais. No caso dos papéis da Autoban, o prazo de vencimento é de cinco anos, com a amortização do principal ocorrendo em 15 de outubro de 2017.

As debêntures da concessionária devem pagar um pequeno prêmio, de até 0,25% ao ano, sobre o rendimento da NTN-B com vencimento em agosto de 2016, papel público de prazo mais próximo.

Há, porém, algumas diferenças entre os títulos públicos e as debêntures a que o investidor deve prestar atenção. A primeira, que vale para as debêntures da Autoban e para os demais papéis incentivados que vierem a ser emitidos, é que elas terão isenção de IR sobre o rendimento. Como o incentivo só vale para papéis de longo prazo, isso representa uma economia de 15% sobre o retorno total.

Considerando uma inflação anual de 5% e juro real de 3,5% ao ano (taxa aproximada dos títulos públicos de cinco anos), é possível estimar um rendimento nominal bruto de 8,7% ao ano. Com a incidência do IR de 15%, a rentabilidade líquida cai para 7,4%. Como as debêntures incentivadas estão isentas de IR, não há essa redução de ganho observada nos títulos públicos.

Uma segunda distinção tem relação com a liquidez, que é a facilita de vender os títulos. O mercado secundário de debêntures no Brasil ainda é pouco desenvolvido, o que pode dificultar a venda antes do vencimento. No Tesouro Direto, a liquidez ocorre por meio de leilões semanais, às quartas-feiras, quando o governo se compromete a recomprar os títulos.

Resta, então, a terceira diferença entre as debêntures incentivadas e os papéis públicos. E ela tem a ver com o risco de crédito. Ao comprar títulos públicos, o investidor corre o risco de crédito do Tesouro Nacional. Ele só não receberá a taxa de juros acordada e o principal se o governo brasileiro quebrar.

No caso dos papéis privados, a história é outra. "Qual o risco? De a empresa eventualmente ter um problema e não conseguir pagar", resume Andrew Storfer, diretor de economia e ex-presidente da Anefac, a associação nacional dos executivos de finanças.

Para ele, é muito difícil para um investidor comum analisar esse tipo de risco, por isso os emissores costumam contratar agências de rating. "Tem casos históricos de empresas que pareciam solidas e acabaram não sendo", afirma.

No caso da Autoban, a agência de classificação de risco Standard & Poor"s atribuiu nota AAA em escala nacional para os papéis, a mais alta que pode ser concedida. Ou seja, o risco de que a empresa não honre o compromisso seria mínimo. E este parece ser o momento ideal para o investidor começar a se acostumar com o mundo das agências de rating e da análise do risco de crédito. Isso porque existe a expectativa de que em breve comecem a "pipocar" diversas emissões semelhantes, de segmentos como energia e de outros ramos de logística.

Em troca do incentivo fiscal, o governo espera que cresçam os investimentos em infraestrutura. "É uma medida sábia do governo criar mecanismos de captação como esse", diz Luiz Filipe Rossi, professor de economia e finanças do Ibmec-RJ. "O governo ganha, porque deixa de pôr dinheiro. E o investidor ganha porque tem o incentivo, a rentabilidade é razoável e o risco é relativamente menor em comparação com ações. Então, é algo que deve se proliferar bastante", diz Storfer, da Anefac.


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Nova poupança bate maioria dos fundos

Com Selic a 7,5% ao ano, apenas os fundos com taxa de administração igual ou inferior a 0,5% superam o rendimento da poupança no curto prazo 

29 de agosto de 2012 | 20h 23
Bianca Pinto Lima e Luiz Guilherme Gerbelli, de O Estado de S. Paulo
 
 
SÃO PAULO - O nono corte seguido na taxa básica de juros acirrou ainda mais a disputa de rentabilidade entre a caderneta de poupança e os fundos de renda fixa. Com a Selic em 7,5% ao ano, apenas os fundos com taxa de administração igual ou inferior a 0,5% superam o rendimento da poupança no curto prazo. Já os fundos com tempo de aplicação mais longo, entre seis meses e dois anos, ainda são vantajosos com taxas de até 1%. E apenas os fundos com resgate acima de dois anos valem a pena com custo de administração de 1,5%.

As diferenças entre os produtos são porcentualmente pequenas e exigem atenção do poupador. A partir de agora, a nova poupança terá rendimento anual de 5,25% e mensal de 0,427%. Já um fundo com prazo de aplicação de até 180 dias e taxa de 0,5% renderá 0,44% por mês. No entanto, se o custo de administração subir para 1%, o rendimento já cai para 0,42% - inferior, portanto, à caderneta, segundo simulação realizada pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).
Numa simulação em que a Selic permaneça no patamar de 7,5% por um ano, um investimento de R$ 1 mil na nova poupança resultaria em R$ 1.052,50 no fim do período.

"Para não perder clientes, os bancos terão de reduzir mais a taxa de administração e o valor mínimo para aplicação. Quando a Selic estava acima de 12,5%, eles cobravam 3% ou 4% de taxa de administração. Agora, com o juro mais baixo, não tem sentido", afirma o vice-presidente da Anefac, Miguel de Oliveira.
No caso dos fundos, o tempo de aplicação influencia diretamente na rentabilidade, uma vez que a tributação é definida de acordo com o prazo. As alíquotas de Imposto de Renda variam entre 22,5% e 15%, sendo que a última vale para investimentos a partir de dois anos.

"Para comparar os fundos com a caderneta, o poupador deve ter atenção especial ao Imposto de Renda", alerta o professor José Dutra Vieira Sobrinho, da Fipecafi.

Na avaliação do professor, a rentabilidade divulgada pelas instituições financeiras muitas vezes não considera o impacto do tributo, o que faz com que o investidor não tenha números precisos para a tomada de decisão.

A vantagem da poupança sobre outras modalidades de investimento é que ela não possui custos administrativos e também não tem a incidência de Imposto de Renda.

Poupança velha

A caderneta antiga, por outro lado, vem se tornando um investimento cada vez mais atraente neste cenário de juros em queda. Isso porque, quem realizou depósitos até 3 de maio deste ano, ainda terá um rendimento de 0,5% ao mês mais a Taxa Referencial (TR). Dessa forma, o rendimento anual continua garantido em 6,17%. Ou seja, quem tem R$ 1 mil aplicado terá ao final de 12 meses R$ 1.061,70.

"A poupança antiga bate todos os cenários. Na melhor das hipóteses, considerando taxa de 0,5% e resgate acima de dois anos, o fundo ainda terá rendimento de 0,49%", destaca Miguel da Oliveira.

Quem investir na poupança agora, contudo, estará sujeito à nova regra. Isto é, um rendimento de 70% da Selic mais a TR, quando o juro básico for igual ou menor que 8,5% ao ano. Caso o juro supere o patamar de 8,5%, a caderneta volta a render 0,5% ao mês mais a TR.