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segunda-feira, 7 de maio de 2012

Invista no que você bebe - Investir em vinhos é uma maneira de diversificar os riscos - Um brinde aos lucros - Conheça as características dessa aplicação

Um brinde aos lucros

Investir em vinhos é uma maneira de diversificar os riscos. Conheça as características dessa aplicação.


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Um dos ditados mais comuns dos investidores americanos é “put your money where your mouth is”, que pode ser traduzido como “invista no que você come”, recomendando caminhos conhecidos do investidor. Troque comer por beber e você terá uma das mais recentes alternativas de diversificação. Existem cerca de 25 fundos de investimentos em vinhos no mundo. No Brasil, o único exemplo é o Bordeaux Wine Fund, fundo do tipo multimercado, com patrimônio líquido de E 5 milhões – R$ 12,7 milhões – gerido pela empresa paulista Cultinvest. Sua carteira é composta por vinhos finos de produtores consagrados da região de Bordeaux, na França.
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"Investimento é recomendado para quem quer diversificar e também
deseja montar uma boa adega"
 
“Os vinhos de Bordeaux permitem que o investidor diversifique sua carteira, pois têm uma correlação baixa com os ativos tradicionais”, diz Alexandre Zákia, CEO da Cultinvest, de São Paulo. Ou seja, os preços dos vinhos não seguem os altos e baixos da renda fixa e da bolsa, por exemplo. O investimento é semelhante ao de um fundo tradicional. A diferença é que, no lugar de ações ou títulos de renda fixa, a carteira é formada por vinhos, que podem ganhar ou perder valor, de acordo com as euforias e as ressacas do mercado. Para Raphael Cordeiro, planejador financeiro e sócio da Inva Capital, essa diversificação exige que o investidor se informe sobre onde está colocando seu dinheiro. “Estudar o produto e o gestor reduz os riscos”, afirma Cordeiro.
 
A ideia de criar um produto financeiro com base nesses ativos não é nova, mas ganhou corpo a partir de 2010. Naquele ano, a fabricante inglesa de bebidas Diageo, dona do uísque Johnnie Walker, usou o tradicional scotch para sanar um deficit em seu fundo de pensão – sem afogar as mágoas dos contadores. Na época, a empresa transferiu a propriedade de dois milhões de barris de uísque em processo de envelhecimento de suas destilarias na Escócia para o patrimônio de sua fundação de previdência. A medida não significa que os funcionários vão receber aposentadorias engarrafadas para se consolar do prejuízo com o fundo. Ao contrário, ela garante os benefícios se a Diageo não tiver dinheiro para pagá-los. 
 
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Desde então, a ideia de investir em bebidas se popularizou, algo que foi turbinado pelo aumento da liquidez a partir de 2008, quando muito dinheiro passou a buscar ativos reais no mercado. Isso amplificou a rentabilidade desses produtos. O fundo canadense Hazelton Wine Fund, por exemplo, que investe em vinhos franceses, já rendeu 862% desde seu lançamento, no ano 2000. Sua carteira é composta por garrafas de safras selecionadas de acordo com a avaliação, o histórico de qualidade e a liquidez no mercado secundário. Os vinhos que o fundo gerido por Zákia compra são negociados na Liv-ex, bolsa eletrônica londrina especializada nessa bebida. O índice de mercado é o Liv-ex Fine Wine Investables Index, que engloba as safras de 24 produtores de primeira linha de Bordeaux. 
 
De 2006 a 2011, segundo a Liv-ex, o índice valorizou-se 132,9% em euro e 172,1% em dólar. Como investir? Segundo Zákia, o Bordeaux Wine Fund, lançado em meados de 2010, destina até 100% de sua carteira a ativos offshore. Restrito a clientes superqualificados, com pelo menos R$ 1 milhão para aplicar, o fundo ainda não conquistou nenhum investidor brasileiro, mas conta com 35 cotistas internacionais. “Para os estrangeiros, o tíquete de entrada é mais acessível, de E 300 mil, o equivalente a R$ 720 mil”, diz Zákia. No Brasil, o resgate das cotas do fundo pode ser feito apenas em dinheiro. No Exterior, existe a alternativa de receber em vinhos. “Quem prefere o produto pode economizar quase 50% em relação ao preço da garrafa”, afirma.
 
Como nem tudo são flores – ou uvas –, o investidor deve ficar atento aos riscos, comuns a toda aplicação internacional. Como ocorre com qualquer ativo real, os vinhos correm riscos de armazenagem e seus preços podem oscilar devido a alterações no gosto dos consumidores. “Os riscos estão acima da média”, afirma o consultor financeiro Cordeiro. “Quando o preço de um determinado vinho cai, o valor da cota também recua, diminuindo o retorno do investidor.” A saída, nesse caso, é dedicar apenas uma pequena parcela dos recursos a fundos desse tipo, e, de preferência, com a assessoria de um expert independente. E, se o prejuízo for grande, sempre é possível encontrar consolo consumindo o estoque. Tim-tim!!!
 
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domingo, 6 de maio de 2012

Comprando na baixa e vendendo na alta por meio de uma carteira balanceada

A vitória do perdedor

Por Luciana Monteiro | De São Paulo| Valor Econômico
O professor e consultor Jurandir Macedo: a maioria saber que o melhor momento para comprar é na baixa, mas poucos conseguem colocar isso em prática
“Comprar na baixa e vender na alta” é normalmente um mantra entoado pelos economistas quando o assunto é investimentos. Um estudo realizado por Jurandir Macedo, professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e consultor de finanças pessoais do Itaú, mostra, no entanto, matematicamente os benefícios de o investidor manter uma carteira balanceada.
O levantamento considera um aplicador com R$ 1 mil mensais para investir logo no início do Plano Real, em 1º de julho de 1994. Inicialmente, metade dos recursos seria investida numa aplicação corrigida pelo Índice Bovespa e os outros 50% estariam atrelados ao Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI, o juro interbancário que serve de referencial para as aplicações mais conservadoras).
Pela simulação, nos primeiros seis meses, o investidor colocou R$ 500,00 em cada uma das carteiras. Após o sétimo mês, esse aplicador começou a aplicar R$ 1 mil no portfólio com pior rendimento. E, sempre que uma carteira superava a fatia de 60% de participação nos investimentos, era realizada uma venda dos ativos e a compra da carteira perdedora de modo a manter a proporção de 50% a 50%.
O estudo mostra que, de julho de 1994 até 31 de dezembro de 2011, se o investidor tivesse aplicado somente no Índice Bovespa, ele teria obtido retorno de 15,88% ao ano e acumularia R$ 998,692 mil. Se, por sua vez, tivesse investido somente no CDI, teria atingido rentabilidade anual de 16,97% e, assim, acumulado R$ 1,120 milhão.
Em contrapartida, se tivesse rebalanceado sua carteira ao longo do período apostando sempre na carteira perdedora, teria obtido rendimento anual de 19,04% ao ano e, assim, acumulado R$ 1,395 milhão. Pelo levantamento, segundo Macedo, ao longo de todo esse período estudado, o investidor teria de ter realizado venda de ativos apenas oito vezes.
Ao realizar o rebalanceamento das aplicações, o investidor estará justamente comprando os ativos no momento de baixa e vendendo na alta, explica Macedo. Isso porque, se as ações se valorizarem muito, o aplicador terá de vender os papéis para reenquadrar a carteira e, dessa forma, estará vendendo as ações na alta. Já se o mercado acionário cair, ele será obrigado reduzir a fatia em renda fixa para aplicar em ações, comprando, assim, na baixa.
Apesar de a grande maioria dos investidores saber que o melhor momento para comprar um papel é quando ele está em baixa, isso não é normalmente o que se vê na prática, ressalta o professor. “As pessoas geralmente investem no que está dando certo”, afirma. Ele exemplifica ressaltando a forte demanda vista nos últimos meses por Notas do Tesouro Nacional série B (NTN-B, títulos com rentabilidade vinculada à variação do IPCA mais juros definidos no momento da compra).
Os números do Tesouro Direto – sistema de negociação de títulos públicos via internet – mostram que, em fevereiro, esses papéis foram os mais procurados pelos investidores, com 65,6% de participação nas vendas. E esses títulos estiveram entre os mais rentáveis no ano passado. Em 2011, a NTN-B Principal com vencimento em 2015 obteve retorno de 16,35%. Já em 2010, o destaque ficou com a NTN-B 2045, com ganho de 24,79% no ano.
Em contrapartida, no que se refere à bolsa, a queda de 18,11% do Índice Bovespa no ano passado afugentou os pequenos investidores do mercado acionário. O saldo líquido (compras menos vendas) da pessoa física encerrou 2011 negativo em R$ 7,825 bilhões. “Não adianta, as pessoas sempre vão atrás do que está se mostrando vencedor.”
Embora os benefícios da diversificação já tenham sido comprovados por Harry Markowitz em 1952 – considerado o pai da Teoria Moderna dos Portfólios e que relaciona os conceitos de diversificação e volatilidade -, psicologicamente não é fácil para o investidor apostar no ativo perdedor. “Durante a evolução humana, fomos acostumados e até treinados a seguir o líder e o líder é aquele que vence”, diz Macedo. “O investidor, então, precisa fazer um esforço brutal para pensar de forma contrária àquela a que ele está acostumado”, diz. “O que funcionava na savana não é o que vai funcionar no mercado financeiro.”